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Especialista explica como aplicativos ajudam a detectar e tratar autismo infantil

Com o avanço da inteligência artificial, profissionais que lidam com o TEA têm acesso a ferramentas que complementam suas práticas clínicas, agilizando diagnósticos e personalizando intervenções

Por: DAVI MARTINS Fonte: DA REDAÇÃO COM DCMAIS
08/01/2025 às 14h45
Especialista explica como aplicativos ajudam a detectar e tratar autismo infantil
Foto: Divulgação

Avanços tecnológicos estão revolucionando a área da saúde, e no caso do Transtorno do Espectro Autista (TEA), ferramentas digitais integradas à inteligência artificial (IA) têm se mostrado essenciais para diagnósticos precoces e intervenções. Aplicativos e dispositivos com rastreamento ocular, análise de expressões faciais e monitoramento comportamental são algumas das inovações que estão transformando o cuidado do autismo infantil.

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a IA possui um enorme potencial para melhorar os serviços de saúde em escala global. Ela pode aprimorar a velocidade e precisão de diagnósticos, fortalecer pesquisas e apoiar o desenvolvimento de medicamentos. 

No Brasil, o Comitê Gestor da Internet destaca que, embora o uso de IA no setor de saúde ainda esteja em estágio inicial, há um otimismo crescente sobre seu impacto, especialmente em regiões com carência de especialistas. Já a pesquisa TIC Saúde 2024 revela que cerca de 4% dos estabelecimentos de saúde e 17% dos médicos no Brasil utilizam a inteligência artificial. 

“No cenário atípico, as tecnologias baseadas em IA e aprendizado de máquina têm se mostrado promissoras para identificar sinais precoces do transtorno, muitas vezes antes mesmo de os pais notarem sintomas mais evidentes. No entanto, vale lembrar que essas soluções digitais não substituem os profissionais de saúde, mas servem como aliados poderosos no processo de triagem”, declara o Líder de Tecnologia da Genial Care, Murilo Capanema.

A identificação antecipada do autismo infantil permite intervenções mais eficazes durante os primeiros anos de vida, uma fase em que o cérebro apresenta maior plasticidade. Isso significa que a criança tem mais capacidade de desenvolver habilidades sociais, comunicativas e comportamentais com o apoio adequado. 

Além disso, diagnosticar o TEA cedo ajuda os pais e cuidadores a compreenderem melhor as necessidades da criança, ajustarem expectativas e acessarem recursos de suporte, melhorando significativamente a qualidade de vida da família e promovendo a autonomia futura da criança.

“Sem diagnóstico, muitos adultos enfrentam obstáculos em áreas essenciais, como emprego e relacionamentos, e podem se sentir desamparados e isolados”, afirma Thalita Possmoser, Vice Presidente Clínica da Genial Care. Ela explica que os terapeutas ocupacionais, juntamente com fonoaudiólogos e outros profissionais, podem fazer a diferença na vida das pessoas com autismo, especialmente quando o suporte é oferecido desde cedo.

Com o avanço da inteligência artificial, profissionais que lidam com o TEA têm acesso a ferramentas que complementam suas práticas clínicas, agilizando diagnósticos e personalizando intervenções. Por exemplo, ferramentas que utilizam rastreamento ocular podem analisar como uma criança responde a estímulos visuais, identificando padrões de atenção que podem indicar sinais de autismo infantil. 

“Essas tecnologias permitem que os profissionais de saúde tenham uma visão mais abrangente e detalhada do desenvolvimento infantil, algo que seria trabalhoso e/ou precisaria de um profissional muito experiente. Isso não só economiza tempo, mas também possibilita um acompanhamento mais assertivo das intervenções, promovendo avanços mais rápidos e significativos” explica Murilo.  

Outro exemplo é a inteligência artificial LIAM, que simplifica a interpretação e realiza a preparação de dados clínicos, permitindo que os profissionais se concentrem na melhoria da qualidade do atendimento. Desenvolvida pela Genial Care, a ferramenta faz parte do Painel Clínico, sistema operacional clínico próprio desenvolvido para conectar os profissionais. 

Todo o time de intervenção tem acesso ao sistema, sendo responsáveis por manter os dados das crianças atualizados, a troca de informações, estratégias e orientações. O sistema opera em três frentes: coordenação do cuidado, que coleta todos os dados gerados pela equipe responsável, e suporte à decisão clínica, onde os profissionais discutem estratégias entre si com o apoio da IA, que compila essas informações e cria recomendações para os profissionais juniores seguirem na intervenção e desenvolvimento do paciente, e participação da família, onde as famílias podem acompanhar a evolução da criança.

Para os familiares, a tecnologia também desempenha um papel transformador. O aplicativo “Genial Care”, também desenvolvido pela healthtech brasileira, exemplifica como soluções digitais podem apoiar pais e cuidadores. Ele permite acompanhar o plano de intervenção clínica da criança, fornece resumos das sessões e oferece conteúdos educativos sobre atividades e brincadeiras para continuidade do aprendizado em casa.  

Segundo a Genial Care, 60% das famílias já utilizam o aplicativo diariamente, comprovando sua eficácia. “O aplicativo desenvolvido pela Genial Care facilita o acompanhamento da evolução do meu filho. Além disso, os conteúdos disponibilizados são um plus que trazem esclarecimento e conhecimento. Ambos fundamentais para tornar o manejo funcional e enriquecedor”, comenta Bárbara, mãe de Henrique. 

Outro aspecto importante é que essas ferramentas promovem um atendimento mais inclusivo, especialmente em regiões onde há carência de especialistas. Aplicativos de triagem e monitoramento remoto permitem que crianças em áreas mais isoladas tenham acesso a avaliações iniciais, encaminhando-as para especialistas quando necessário. Essa democratização do acesso ao cuidado é um dos maiores benefícios da tecnologia no campo do autismo.

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