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Pais podem ser mais ativos na vida dos filhos sem serem “chatos”, “caretas” ou até “forçados”

Manter relações boas com os filhos é uma coisa difícil, principalmente na adolescência, mas com diálogo, afeto e escuta ativa, isso se torna algo natural

Por: DAVI MARTINS Fonte: DA REDAÇÃO
14/04/2025 às 09h11 Atualizada em 14/04/2025 às 11h05
Pais podem ser mais ativos na vida dos filhos sem serem “chatos”, “caretas” ou até “forçados”
Com algumas dicas, pais podem ser mais presentes na vida dos filhos sem serem invasivos, chatos ou forçados para manter os laços. Foto: Ilustrativa/Reprodução/Internet

Hoje em dia, muitos pais se perguntam como se manter presentes na vida dos filhos sem parecerem controladores, antiquados ou até “invasivos”. A verdade é que, entre redes sociais, jogos, estudos e mudanças emocionais, os filhos, especialmente os adolescentes, não querem apenas conselhos ou broncas. Eles querem ser ouvidos de verdade, e é aí que entra o papel dos pais participativos, que sabem escutar, conversar e estar por perto de um jeito leve e respeitoso, evitando o papel de chato ou até mesmo de “careta”, que afastam os filhos.

“Estar presente não é passar o dia todo junto, e sim fazer com que o filho se sinta visto, ouvido e valorizado”, afirma a psicóloga Hellen Martins.

A primeira coisa que os pais precisam entender é que impor autoridade com rigidez não é mais sinônimo de educação eficaz. Houve um tempo em que os filhos obedeciam por medo, e isso era visto como respeito. Mas os tempos mudaram, e muito. Hoje, quanto mais autoritários os pais forem, maior a chance de criarem distância e silêncio dentro de casa. O caminho mais poderoso não é o do medo, mas o da conexão, aproximando-se dos filhos, conquistando confiança e, o principal, ser um verdadeiro aliado na vida deles.

“Mostrar interesse pelo que seu filho ou filha gosta, mesmo que você não entenda nada, é uma forma poderosa de criar vínculo”, completa Hellen.

Porém, nesse esforço de se aproximar, muitos pais e mães acabam exagerando na dose, tentando parecer descolados demais, forçando brincadeiras ou entrando no mundo dos filhos de forma artificial. O resultado, quase sempre, é o oposto do esperado. Em vez da aproximação, surge o constrangimento.

Um exemplo disso está no filme Pai em Dose Dupla, uma comédia que mostra dois pais, um biológico e um padrasto, que tentam disputar a atenção das crianças com atitudes exageradas e acabam considerados “caretas” e até mesmo chatos pelas crianças. O filme é leve e divertido, mas ilustra bem o que acontece quando a tentativa de estar junto perde o equilíbrio e vira uma competição ou um show de piadas sem contexto. Não é sobre “vencer” o amor dos filhos, mas construir esse amor no dia a dia, com afeto, diálogo e presença de verdade.

“Mostrar interesse pelo que seu filho ou filha gosta, mesmo que você não entenda nada, é uma forma poderosa de criar vínculo”, afirma a psicóloga Hellen Martins. Foto: Imagem Ilustrativa/Reprodução/Internet

 

A psicóloga Hellen Martins explica que a presença dos pais não precisa ser algo maçante, constante e exagerado, mas sim significativa. “Estar presente não é passar o dia todo junto, e sim fazer com que o filho se sinta visto, ouvido e valorizado”, afirma. Isso se torna ainda mais importante na adolescência, quando os filhos estão formando identidade, descobrindo o mundo e, muitas vezes, se sentindo inseguros.

Segundo ela, muitos pais se afastam sem perceber, repetindo perguntas automáticas como “como foi a escola hoje?”, mas o adolescente precisa de conversas mais reais, que toquem o que realmente importa para ele. “Mostrar interesse pelo que seu filho ou filha gosta, mesmo que você não entenda nada, é uma forma poderosa de criar vínculo”, completa Hellen.

Mas é claro que ser amigo do seu filho não significa abrir mão de impor limites. Educar com afeto não exclui o papel de orientar, dizer “não” quando necessário e ensinar sobre consequências. A diferença está na forma. Impor limites não deve transformar o ambiente familiar em uma ditadura militar, com gritos, broncas e punições, mas sim em um espaço de diálogo, onde os pais explicam com calma o porquê das regras, escutam o que os filhos têm a dizer e constroem juntos uma relação baseada no respeito mútuo.

Um dos pontos principais que devem ser dialogados com os filhos, principalmente os adolescentes, é sobre sexualidade, um dos assuntos que causam inúmeras inseguranças e desconfortos, tanto para os pais quanto para os próprios filhos. Mas, segundo Hellen Martins, esse diálogo é essencial, e precisa começar ainda antes da adolescência, de forma leve e natural.

“Conversar sobre sexualidade com respeito, clareza e naturalidade é uma das maiores formas de cuidado que os pais podem oferecer”, afirma. Sexualidade não é só sobre sexo, mas também sobre sentimentos, respeito ao corpo, limites, afeto, autocuidado e responsabilidade.

Em vez de esperar uma grande conversa formal, os pais podem aproveitar momentos do cotidiano, como uma cena de filme, uma música, uma pergunta casual, para iniciar o assunto com tranquilidade. Perguntar o que o filho já ouviu sobre determinado tema e dar espaço para dúvidas, sem rir, corrigir bruscamente ou julgar, faz com que o jovem se sinta respeitado e seguro.

Chamar as coisas pelo nome, como “menstruação”, “ejaculação”, “consentimento” e “relacionamento”, ajuda a quebrar o tabu e mostra que aquele assunto pode sim ser tratado em casa. Quando isso acontece desde cedo, o adolescente entende que pode contar com os pais, inclusive nas situações mais delicadas. “A melhor fonte de informação deve ser a família, e não a internet ou os colegas da escola”, reforça Hellen.

Falar sobre sexualidade, ao contrário do que muitos ainda pensam, não incentiva comportamentos impróprios. Pelo contrário: previne riscos, fortalece valores e aproxima pais e filhos. Afinal, as redes sociais já estão fazendo a função de levar estes assuntos para os jovens, mas não da maneira correta, e o papel dos pais neste assunto é fundamental para evitar problemas futuros.

Contudo, a presença dos pais se constrói nos pequenos gestos, nas conversas simples e na escuta sem julgamentos. É assim que nascem os vínculos mais fortes, aqueles que resistem ao tempo e aos desafios de cada fase, transformando os pais no maior auxílio dos jovens em momentos difíceis.

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