Com o final de ano cada vez mais próximo, é comum a tradicional celebração com fogos de artifício. Porém, essa prática, além de causar preocupação em muitas pessoas, tem gerado debates sobre os danos que pode causar em crianças autistas. Para muitos, o barulho ensurdecedor das explosões representa mais do que um simples incômodo, sendo uma verdadeira fonte de sofrimento, principalmente para os autistas.
Atualmente, o Brasil se depara com um número crescente de crianças autistas que nascem em grandes escalas nos últimos tempos. Com isso, além de leis e benefícios que são criadas para as pessoas com o Transtorno do Espectro Autista, é necessário que as pessoas tomem conta dos riscos gerados para estas pessoas, que podem sofrer muito mais com sensibilidade auditiva e medos constantes devido as explosões causadas pelos fogos de artifício.
Conforme explica a psicóloga Aline Marotto, de Wenceslau Braz, as crianças autistas normalmente possuem uma sensibilidade auditiva maior do que as outras crianças, o que pode gerar crises e até mesmo convulsões. “As crianças com TEA podem ter alterações sensoriais bem significativas que se manifestam na sensibilidade a barulhos, cheiros, texturas entre outros”, comentou.
“Contudo, nas crianças com sensibilidade auditiva o barulho é sentido com mais intensidade e pode desencadear uma crise de desregulação emocional em função da sobrecarga sensorial, onde elas podem ficar mais nervosas, se machucarem e até mesmo machucarem outras pessoas nesse momento de crise.”, explicou a psicóloga.
Além das crises de nervosismo, o barulho também pode causar desconfortos físicos e psicológicos profundos, afetando o bem-estar das crianças por longos períodos. As explosões podem desencadear reações como gritos, fuga ou busca por esconderijos para tentar amenizar o sofrimento.
Compreender o sofrimento das crianças autistas e de outras pessoas sensíveis ao barulho, e promover celebrações mais acessíveis e conscientes, é um passo fundamental para garantir que todos possam celebrar o final de ano de maneira segura e prazerosa. A adoção de práticas mais inclusivas não significa abrir mão da festa, mas sim adaptá-la para que seja real para todos.
Também é de suma importância citar que, além da conscientização em prol das crianças e adultos diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA), no dia 30 de outubro deste ano, a Comissão de Constituição e Justiça aprovou o projeto de lei que proíbe a fabricação, o armazenamento, a comercialização e o uso de fogos de artifício que produzam barulho acima de 70 decibéis.
Portanto, mais do que uma questão de saúde e segurança, a reflexão sobre os efeitos dos fogos de artifício é uma oportunidade de promover o respeito à diversidade e criar um ambiente mais acolhedor e saudável para todos. Ao escolhermos alternativas mais inclusivas, estamos contribuindo para um futuro onde a celebração do novo ano possa ser uma experiência positiva para todas as pessoas, independentemente.