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Documentário de artista do Norte Pioneiro é destaque no Festival do Museu de Arte Contemporânea do Paraná

Produção aborda a trajetória de vida da benzedeira Maria Aparecida da Silva Araújo, conhecida como dona Cida, destaca a valorização da religiosidade popular e a prática do benzimento na sociedade

Por: Marcelo Aguiar Fonte: Redação com Giulia Garbelotti do Prado
17/07/2024 às 16h41
Documentário de artista do Norte Pioneiro é destaque no Festival do Museu de Arte Contemporânea do Paraná
Foto: Reprodução/Internet.

O documentário "Práticas de Cura, Memórias de uma Benzedeira", dirigido pelo artista Tiago Angelo, de Jacarezinho, foi exibido no primeiro Festival de Audiovisualidades do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Mac-PR). A produção, que aborda a trajetória de vida da benzedeira Maria Aparecida da Silva Araújo, conhecida como dona Cida, destaca a valorização da religiosidade popular e a prática do benzimento na sociedade.

Produzido em 2020, o curta-metragem foi também exibido na última semana no evento promovido pelo Museu de Arte e Cultura Popular da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), em Jacarezinho. "Foi uma grata notícia a seleção desse documentário para compor o Festival do Mac. Uma grande alegria. A beleza desse curta está na vida que narra e emociona pela expressão superlativa da pureza", comentou Tiago Angelo, agradecendo a colaboração de Luciana Evangelista, que escreveu o projeto, e Jorge Eduardo Pires, que trabalhou na finalização e colorização do filme.

O professor Alexander Gonçalves, do curso de Filosofia da UENP, descreveu o documentário como "uma ode à simplicidade", compartilhando sua experiência ao assistir ao curta durante a sessão na UENP. "De início, um plano longo, lentamente, nos coloca no pequeno e místico espaço em que vive e trabalha dona Cida, a benzedeira. A belíssima fotografia se move no ritmo moderado de uma música minimalista que é atravessada pelos sussurros de uma repetida reza. As palavras, pouco reconhecíveis, se tornam mágicas sob a luz que emana das mesmas velas destinadas a curar", relatou Alexander.

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Ele destacou ainda a profunda imersão proporcionada pelo documentário, onde a história de uma vida marcada pelo dom do benzimento é contada de forma sutil e confessional. "Com palavras simples e belas, dona Cida confessa que viveu! Em 'Práticas de Cura: Memórias de uma Benzedeira', Tiago Angelo nos revela algo que está no fundo da cultura e da vida de nosso povo, mas só vista por olhos tão sensíveis quanto atentos: a distinta beleza que há na simplicidade", afirmou o professor.

James Rios Oliveira Santos, diretor de Cultura da UENP, elogiou a capacidade do artista em captar a poesia inerente ao ato de benzer. "O Tiago é um artista muito sensível. Há, em seu filme, um olhar profundo que prevalece sobre uma espiritualidade que, socialmente, não é reconhecida. Seu trabalho cumpre essa função: fazer com que o benzimento esteja ao alcance de outros olhos e chegue aos corações abertos e desejosos por revisitar seus conceitos. 'Práticas de Cura' é uma forma de conceber uma cidade que carece de se abrir para a diversidade religiosa nela radicada", pontuou James.

Renan Bonito, artista e produtor cultural, destacou o crescimento da produção audiovisual em Jacarezinho e o impacto do documentário. "Jacarezinho tem vivido um crescente lindo na produção audiovisual, e 'Práticas de Cura' é um dos grandes filmes realizados nos últimos anos na cidade e na região. Tanto na qualidade artística quanto temática, ao trazer uma prática cultural que resiste ainda em pequenos espaços da sociedade, é um patrimônio imaterial. O sucesso do filme se destaca tanto que tem mais de 50 mil visualizações no YouTube", ressaltou Renan.

Selecionado para a mostra "Diversidade, Memória e Resistência" do Festival de Audiovisualidades, o documentário "Práticas de Cura, Memórias de uma Benzedeira" buscou destacar perspectivas sub-representadas no campo audiovisual, contribuindo para a conscientização e o diálogo sobre questões de raça, gênero e sexualidade. A curadora do festival, Aricia Machado, frisou o valor cultural e histórico da obra. "Foi exibida para que as pessoas se envolvessem com a história de vida da personagem principal, a dona Cida, benzedeira da cidade, de forma muito cuidadosa e afetuosa. É um 'eleretrato' com muito respeito à crença e a uma história de vida que se tornará cada vez mais rara. Que bom que tivemos a oportunidade de fazê-lo parte do festival!", destacou Aricia.

O documentário "Práticas de Cura, Memórias de uma Benzedeira" continua a emocionar e valorizar a simplicidade e a tradição, oferecendo um olhar profundo e sensível sobre a prática do benzimento e a riqueza cultural do Brasil.

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