A varejista de moda Marisa deve fechar cerca de 30% de suas lojas físicas para se reestruturar financeiramente. A informação foi divulgada pelo CEO da empresa, João Pinheiro Batista, em teleconferência de resultados com analistas de bancos e corretoras.
De acordo com o executivo, uma consultoria contratada pela empresa revelou que uma parte considerável das lojas não é sustentável do ponto de vista financeiro. “Chegamos à conclusão que das 334 lojas que temos hoje, 25 não resistem a uma análise de sustentabilidade básica. Das 309 lojas remanescentes, todas com margens positivas, 67 geram Ebitda negativo, mesmo com premissas otimistas. A conclusão é que vamos ter 92 lojas fechadas em um curto espaço de tempo”, anunciou.
A Marisa teve um salto de 670% no prejuízo no quarto trimestre de 2022 e fechou o período com resultado negativo de 188,6 milhões de reais. No ano, o prejuízo acumulado foi de 391 milhões de reais, quatro vezes superior ao registrado em 2021. “Se a gente não fizer nada e virmos o navio tomar seu curso normal, queimaremos neste ano cerca de 600 milhões de caixa. Isso é impensável”, afirmou Batista.
O CEO ainda criticou uma suposta política de benefícios fiscais a varejistas de moda estrangeiras que atuam no Brasil, como a chinesa Shein. Batista alega que essas empresas tiveram benefícios de até 8 bilhões de reais em 2022 frente às companhias brasileiras. “Não se pode dar benefício tributário para importadores, que não geram um trabalho no Brasil. É um absurdo”, disse. As ações da Marisa fecharam o dia em queda de 6%.