Há quem ainda diga que a microrregião do Norte Pioneiro, onde estão situados cerca de 20 municípios de pequeno porte, leva consigo o triste rótulo de ramal da fome. Tal denominação tem duas explicações possíveis, primeiro porque o vagão-restaurante do trem que ligava o sul paulista à região foi desligado da composição em uma altura da malha ferroviária. E a partir deste ponto, a viagem duraria sete horas até chegar a um local onde os viajantes pudessem almoçar, ou seja, seria o ramal ferroviário onde eles “passariam fome”. A outra versão diz que esta denominação está relacionada à pobreza da região, abandonada pelos governantes que preferiam investir em zonas mais produtivas do Estado.
Somado a falta de investimentos estaduais estão as atividades do setor primário como base da economia, que não atrai indústrias e mantém a região atrelada basicamente à uma única fonte de renda voluntária, a agricultura.
De acordo os dados da pesquisa divulgada em 2018 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), avaliando os resultados de cada Estado e suas mesorregiões entre os anos de 2013 e 2016, o Paraná é responsável por cerca de 6,41% do PIB (Produto Interno Bruto) a preços correntes no Brasil. Dentro do quadro estadual, o Norte Pioneiro rastejou de 0,20% em 2013 para 0,22% em 2016, ou seja, um aumento de 0,2% na participação no PIB paranaense a nível federal.
Em cifras, o aumento real do Norte Pioneiro foi de R$ 3.057.530, fechando 2016 com R$ 13.632.006 de participação em preços correntes, impostos, líquidos de subsídios e sobre produtos e preços por atividade econômica.
Mesmo diante do tímido crescimento, a região ainda está bem longe no ranking geral do Paraná, ocupando a oitava posição, à frente apenas das regiões Centro Ocidental e Sudeste, ambas com 0,17% de participação. Em primeiro lugar está a RMC (Região Metropolitana de Curitiba) com pouco mais de R$ 161,9 milhões.
A Folha Extra fez um levantamento, junto ao IBGE, dos dados sobre as arrecadações referentes à sete municípios desta região: Andirá, Cambará, Ibaiti, Santo Antônio da Platina, Jacarezinho, Siqueira Campos e Wenceslau Braz . Cada cidade foi avaliada nos respectivos segmentos: PIB geral, arrecadação de impostos, Indústria e agropecuária, além de números da administração, defesa, educação e saúde pública, e seguridade social.
O Norte Pioneiro apresentou um PIB de R$ 13,6 milhões em 2016, sendo o município que mais teve participação neste número, Jacarezinho, que saltou de R$ 821 mil em 2013 para R$ 1,14 milhão em 2016.
No setor de arrecadação de impostos sobre produtos e preços, Jacarezinho também lidera o ranking com 10,34% em 2016. Contudo, o “destaque” vai para Siqueira Campos que, mesmo com o aparente crescimento do setor industrial, reduziu sua participação de impostos de 4,89% em 2013 para 4,32% em 2016.
Quanto à distribuição dos municípios por atividade principal, o setor que lidera as arrecadações é o de administração, defesa, educação e saúde pública, e seguridade social, que representa 55% das arrecadações municipais. Neste setor, o município de Ibaiti lidera o ranking com 52,87% da parcela regional.
O setor agropecuário, atividade que aparece em segundo lugar na lista de atividades da região, também é uma das principais fontes de renda dos municípios, com destaque para Santo Antônio da Platina que, em quatro anos, subiu sua porcentagem agropecuária de 3,89 para 4,29.
Em um cenário geral, o Norte Pioneiro ainda se mantém muito aquém do esperado, uma região rica, porém sem os incentivos necessários e, para deixar o depreciativo apelido de “Ramal da fome”, a região visivelmente carece de um olhar diferenciado do novo governo.