Mãe de Siqueira Campos dá à luz pela segunda vez dentro de ambulância
Avó das crianças procurou a reportagem para denunciar descaso com a saúde pública no município
Por: DAVI MARTINSFonte: DA REDAÇÃO
08/04/2025 às 17h46
Diuliendi Kássia da Silva e seu filho Oliver, que nasceu dentro de uma ambulância na última segunda-feira (07). Foto: Arquivo Pessoal
Na última segunda-feira (07), Maria de Lourdes da Silva, da cidade de Siqueira Campos, no Norte Pioneiro, procurou a reportagem da Folha relatando que sua filha havia dado a luz pela segunda vez dentro de uma ambulância da saúde municipal, e sim, foram duas vezes dentro da ambulância. Para Maria, avó das crianças, o caso se trata de um descaso com a saúde pública no município, pois a equipe médica da Santa Casa não encaminhou sua filha antes para outra cidade, onde o parto deveria ser realizado por profissionais da área.
“Eu cheguei a fazer diversas reclamações, inclusive nas redes sociais, mas não adiantou em nada, pois aqui na cidade tem mais voz quem tem mais poder aquisitivo ou sobrenome, ao contrário, ninguém consegue nada”, contou Maria de Lourdes.
A primeira situação aconteceu em 2022, quando Diuliendi estava grávida da sua terceira criança, Luara. Foto: Arquivo Pessoal
A primeira situação aconteceu três anos atrás, em maio de 2022, quando Diuliendi Kássia da Silva, filha de Maria, estava grávida de seu terceiro filho, Luara Huan da Silva. Na ocasião, Diuliendi havia chegado na Santa Casa de Siqueira Campos com fortes dores, e foi encaminhada imediatamente para Santo Antônio da Platina, mas Luara acabou nascendo ainda no caminho, dentro da ambulância do hospital. Conforme relatou Maria à reportagem, o parto da menina foi realizado por uma enfermeira recém-formada.
Na época, Maria fez diversas reclamações, utilizando as redes sociais como um caminho para expor a situação e pedindo por mudanças urgentes no município. “Eu cheguei a fazer diversas reclamações, inclusive nas redes sociais, mas não adiantou em nada, pois aqui na cidade tem mais voz quem tem mais poder aquisitivo ou sobrenome, ao contrário, ninguém consegue nada”, contou Maria de Lourdes.
Três anos depois, a situação volta a acontecer, e no mesmo cenário de 2022. Diuliendi estava grávida de sua quarta criança, desta vez um menino, Oliver Huan da Silva. Segundo Maria de Lourdes, na última segunda-feira (07) seria a última consulta do pré-natal, no qual Diuliendi já havia pedido a liberação dos documentos para fazer a cesárea, mas acabou não dando tempo da última consulta, devido ao fato de que ela já havia completado 40 semanas de gestação.
“Assim como da primeira vez, ela chegou com dores muito fortes na Santa Casa, e foi encaminhada imediatamente para Santo Antônio da Platina, mas antes ela havia dito para a médica que não aguentaria, mas a doutora seguiu firme dizendo que ela iria aguentar sim”, conta Maria de Lourdes.
Três anos depois de sua irmã, Oliver também nasceu dentro de uma ambulância a caminho de Santo Antônio da Platina
No entanto, o cenário terminou da mesma forma que a última gestação de Diuliendi, com Oliver nascendo dentro da ambulância que estava levando-a para Santo Antônio da Platina, onde o parto deveria ter acontecido, e novamente a situação gerou insatisfação em Maria de Lourdes, que tentou fazer reclamações e, assim como há três anos, não conseguiu.
A reportagem revelou que não é o único caso de gestantes no município. Tatiane Maria Vieira da Silva, em 2023, também estava grávida e chegou ao hospital em trabalho de parto. A médica a encaminhou urgentemente para Santo Antônio da Platina, mas a ambulância estava ocupada. Quando chegou ao local, Tatiane já estava com dilatação avançada, e os médicos realizaram o parto ali mesmo. "Não me deixaram ter um parto com dignidade, nem meu marido pôde ficar comigo na sala. O que mais me magoou foi a violência obstétrica, por não respeitarem meus direitos", afirmou indignada à reportagem.
Em contato com a reportagem, a Diretoria Jurídica da Santa Casa lamentou o caso, mas disse que não há o que fazer frente à situação.
“Nós lamentamos muito esta situação, ainda mais por ser a segunda, mas infelizmente não há o que fazermos. A paciente chegou aqui com apenas dois dedos de dilatação, mas não aguentou chegar em Santo Antônio da Platina e o parto teve de ser realizado na ambulância. É algo lamentável pelo momento que deveria ser o parto, algo mágico para os pais, mas infelizmente não há o que fazermos em uma situação como esta”, disse o Diretor Jurídico da Santa Casa, Gustavo Henrique Ferreira de Jesuz.
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