Uma nova febre está surgindo em diferentes partes do Brasil. A famosa “guerra de arminhas de gel” está viralizando entre crianças e adolescentes. A brincadeira pode até parecer inofensiva, mas as armas munidas com bolinhas de gel podem causar ferimentos graves e têm mobilizado as forças preventivas na tentativa de diminuir o uso do produto de forma inadequada.
A brincadeira parece uma coisa simples e inofensiva. Imitar cena de guerras ou de uma perseguição policial parece o cenário perfeito para usufruir das famosas “arminhas de gel”. Contudo, o uso destas “arminhas” pode causar diferentes ferimentos, principalmente nas crianças.
Entre os principais riscos à saúde, estão os danos aos olhos, como principal dano causado pela brincadeira. Lesões nos olhos causadas pelo impacto da bolinha em gel podem causar sangramentos e até mesmo deslocar a retina, além de apresentar possibilidade de causar glaucoma secundário e, na pior das opções, perda da opacidade corneana.
Conforme explica a oftalmologista Camila Moraes, vice coordenadora do Departamento de Cirurgia Refrativa e coordenadora do Departamento de Ensino da Fundação Altino Ventura, as lesões podem ser muitas. São várias lesões, a maior parte de uveítes —que são uma inflamação do tecido vascular interno do globo”, explica.
Além poderem afetar diretamente os participantes das brincadeiras, na maioria das vezes crianças, a “guerra de gel” pode afetar pessoas que estejam transitando no local ou em suas proximidades. Devido ao impacto gerado pela arma de brinquedo, as bolinhas são atiradas com uma força maior, fazendo com que atinja distâncias mais longas, podendo afetar pessoas que não estejam na brincadeira.
Além disso, alguns dos participantes destas “guerrinhas”, costumam guardar as balas em congeladores para que fiquem mais duras, o que aumenta os riscos causados pela brincadeira. “Ela deixa então de ser uma bala de gel e vira uma bala de gelo, o que tem um impacto totalmente diferente e pode levar a um outro tipo de dano, até com rasgos ou dilacerações da córnea mais graves", explica Camila Moraes.
Algumas das condições causadas pelo impacto da bolinha de gel podem evoluir para consequências mais graves, como a cegueira, caso não sejam devidamente diagnosticados e tratados.