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Criança de dois anos é esquecida por duas horas em ônibus escolar de Tomazina

Folha conversou com a mãe da criança e com o secretário de Educação do município que falaram sobre a situação; menor passa bem

22/11/2023 às 12h00 Atualizada em 22/11/2023 às 12h05
Por: Marcelo Aguiar Fonte: Redação
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Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Uma situação considerada grave envolvendo o transporte escolar do município de Tomazina foi registrada na tarde da terça-feira (21) após uma criança de dois anos ser esquecida por mais de duas horas em um ônibus escolar. A Folha conversou com o secretário de Educação, Flávio Santos Fontanelli, e com Anamélia Soares, mãe da criança, que falaram sobre o caso.

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De acordo com as informações apuradas pela reportagem, uma criança de dois anos e oito meses que deveria desembarcar na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) acabou sendo esquecida no interior do ônibus escolar que foi levado para o pátio da prefeitura onde o menor permaneceu por cerca de duas horas e meia até ser encontrado.

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O secretário Flávio contou a reportagem como ocorreu a situação. “Ontem, infelizmente, tivemos um caso grave envolvendo o transporte escolar. O menino utiliza o ônibus para ir de uma creche para a Apae, mas neste dia os professores perceberam que o material do menino havia sido entregue na escola, mas a criança não. Com isso, o pessoal da Apae comunicou a secretaria de Educação informando o caso. Foram realizados todos os procedimentos e felizmente a criança foi encontrada bem”, explicou.

Fontanelli também falou como a criança estava quando foi encontrada. “Ele é um menino quieto e quando foi encontrado estava assustado. Ele esteve aqui na secretaria onde foi amparado recebendo alimentação e todos os cuidados. Conversamos com a mãe dele também e falamos sobre o trauma do menino. A secretaria vai disponibilizar todo amparo que a mãe e o menino precisarem. Já colocamos a disposição a psicóloga da prefeitura e estamos avaliando um transporte especial e individual para esse aluno até o fim do ano letivo. A mãe também informou que levaria o menino para passar por uma avaliação médica”, comentou o secretário.

Flávio também explicou porque não havia um monitor no referido ônibus e rebateu as informações que circulam nas redes sociais de que o transporte escolar do município não conta com acompanhantes. “Algumas coisas que as pessoas têm falado não procedem. Todos os ônibus do transporte público da rede municipal contam com monitores. O que aconteceu nesta terça-feira foi um caso grave, porém isolado. Acontece que o monitor que acompanha esta linha estava acompanhando a aplicação da Prova Paraná e, por algum motivo que estamos buscando esclarecer, o ônibus acabou saindo sem o monitor”, comentou.

O secretário também falou sobre as medidas que estão sendo tomadas em relação ao caso. “É uma situação grave que não poderia ter acontecido e não pode se repetir. Ontem mesmo realizamos uma reunião interna para tomar as primeiras medidas em relação a este caso. Será feito um remanejamento de motoristas e o servidor que dirigia o ônibus na ocasião será transferido para outra área. O caso já foi comunicado a Procuradoria do município e uma sindicância administrativa será instaurada para apurar as responsabilidades e aplicação do processo disciplinar. Além disso, seguiremos prestando todo apoio a esta criança e sua família”, disse Fontanelli.

Anamélia esteve no pátio da prefeitura e registrou imagens de que no local não há árvores nem sombra, sendo que o filho ficou dentro de um veículo que estava exposto ao sol e calor - Foto: Colaboração.

 

O que diz a família

A reportagem da Folha também conversou com Anamélia, mãe do menino Miguel esquecido no interior do ônibus escolar.

A genitora desabafou sobre o ocorrido. “Que responsabilidade dos professores da Apae de só perceber que o Miguel havia sumido horas depois. Porque quem pegou o material dele não percebeu que ele não estava na escola? Me falaram que é porque ele é um menino muito quieto, mas por isso mesmo deveriam ter observado melhor a falta dele. O Miguel é quieto e retraído, pois isso mesmo que ele frequenta a Apae”, disse.

Anamélia também falou sobre como o filho foi encontrado. “Estava muito calor e meu filho ficou horas dentro do ônibus. Uma pessoa que pediu para não ser identificada me contou que quando o Miguel foi encontrado ele estava pingando suor. Ele também está com uma escoriação no braço, mas nem o pessoal da secretaria nem da Apae procuraram levar meu filho ao médico para ver como ele estava, me disseram que deram água e bolo e ele ficou bem”, comentou.

A mãe da criança ainda falou sobre a irresponsabilidade do motorista. “Ele assumiu o risco de sair com o ônibus sem o monitor. No mínimo, ele deveria ter olhado se não havia mais ninguém dentro do ônibus, mas ele costuma deixar as crianças na escola e ir para oficina do pai dele para ajudar e na pressa não deve ter olhado direito se havia alguém no ônibus”, pontuou.

Anamélia também falou sobre a conversa com o secretário de Educação. “Eu entrei em contato com ele para que a gente pudesse conversar. Foram oferecidos apoio e transporte até o final do ano, mas o trauma que o Miguel teve não vai passar tão rápido assim. Ele está assustado e chora quando vê um ônibus, não é um trauma que vai passar agora. Lá tinha um ônibus escolar e o secretário viu como ele chorou quando viu”, disse.

“Não vai resolver muito arrumar um transporte especial para o Miguel até o fim do ano, pois já está acabando. Eu trabalho e o Miguel fica com minha mãe que tem problemas de locomoção e não pode levar ele para escola, então precisamos do transporte, mas ele está muito traumatizado com o ônibus”, completou.

A mãe disse ainda que já comunicou o caso do Ministério Público e também registrou um boletim de ocorrência da situação. Ela pede Justiça para que a situação não se repita. “Tem que tomar providências. Semana passada uma criança foi esquecida na escola, mas a família acabou não denunciando. Talvez se tivessem feito alguma coisa, ontem meu filho não teria sido esquecido no ônibus. É preciso que todos saibam para que isso não se repita, pois pode acontecer com uma criança que não tenha a sorte de sobreviver como o Miguel teve”, comentou.

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