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Editorial: Corrupção x escolas especiais

Editorial: Corrupção x escolas especiais

10/04/2014 às 13h18 Atualizada em 10/04/2014 às 16h18
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No Brasil existe tanta corrupção que qualquer cidadão com o mínimo de leitura está cansado de saber, falar ou ler a respeito (embora muitos tenham plena ciência dessa realidade política caótica e ignoram por completo), mas hoje o leitor da Folha Extra deve se atentar para um contraste deprimente: se por um lado o ralo obscuro da corrupção “some” com bilhões dos cofres públicos, do outro lado o governo Federal – esfera essa dona de boa parte destes desfalques pela desonestidade – acabou com as APAEs, ou escolas especiais, como preferir.

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Não é questão de um posicionamento contra este ou aquele governo, e sim contra uma ação específica, que no caso é o fim das escolas voltadas para o atendimento a pessoas com algum tipo de deficiência intelectual.

A edição de ontem da Folha Extra teve como manchete a rotina da Escola Especial Salomão Andraus, ou simplesmente a APAE de Wenceslau Braz. Funcionando há mais de 30 anos, atualmente a instituição atende 151 alunos de forma que o ensino público regular jamais teria competência para fazer.

E agora que entra o ponto x da questão: enquanto raríssimas medidas efetivas são tomadas contra a corrupção, o governo Federal acabou com as escolas especiais e tentou, de forma muito ineficiente, inserir os alunos especiais no horroroso ensino regular público.

Quem conhece o trabalho de uma APAE sabe que o erro foi grotesco. Qual escola pública que oferece fonoaudiólogo, fisioterapeuta, assistente social, psicólogo e terapeuta ocupacional diariamente para alunos e familiares? E ainda oferece, também de forma gratuita, regularmente neurologista e pediatra? Pois é. Quem conhece o ensino público no Brasil até ri dessa pergunta, de tão surreal e absurda que ela se torna.

A conclusão é que algo que corrói o sistema desde o seu interior até todas as suas camadas, como a corrupção, pode “viver livremente”, enquanto algo que era fundamental para milhares de famílias foi simplesmente destruída por uma canetada, supostamente embasada por algum estudo assinado por este ou aquele burocrata – medida essa possivelmente tomada por um engravatado usufruindo de uma sala com ar condicionado e canetas que valem muito mais que o salário dos professores tanto das escolas especiais quanto das regulares.

No Paraná, por bem que o governo do Estado reparou esse erro grotesco assumindo as escolas especiais para si, arcando mensalmente com todas as despesas e não deixando milhares de alunos com deficiência intelectual e suas famílias completamente desamparados.

E com todo respeito ao MEC e aos doutores da Educação no Brasil, mas quem idealizou, apoiou e autorizou o fim das APAEs é quem de fato precisaria de tratamento especial, porque com certeza alguém que goza de suas plenas faculdades mentais não pode compactuar com essa situação.

Enquanto isso o deputado paranaense amigo do doleiro se justifica dizendo que está sendo massacrado pela mídia. Sim, obviamente a culpa é da mídia. Ironias à parte, porém, o azar é de todos os brasileiros, sobretudo aqueles que necessitam de cuidados especiais.

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