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Gravata, talvez. Posicionamento, com certeza!

A busca pela paridade de gênero em lugares de liderança e poder faz parte de um debate longo, pois envolve questões culturais, de qualificações e oportunidades que são dificultadas às mulheres.

Por: Da Redação Fonte: Nicole Chiaradia
10/01/2025 às 14h22
Gravata, talvez. Posicionamento, com certeza!
Foto Freepik

O ano começou e as novas composições das Câmaras Municipais já começam a dar os primeiros passos da legislatura. Sim, vamos falar de política. Mas não de políticos. É do crescente número de mulheres que ocupam suas cadeiras no parlamento municipal que precisamos falar.

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A Participação feminina nos legislativos locais subiu 13% em relação às eleições de 2020. São mais 1.232 mulheres eleitas vereadoras. Em Cuiabá, pela primeira vez na história, a mesa diretora é composta apenas por mulheres. Em São Paulo, a quinta cidade mais populosa do mundo, 20 mulheres foram eleitas vereadoras - sete a mais do que em 2020, o que representa 36,3% do total de parlamentares. A capital paranaense também faz história com a maior bancada feminina. São 12 mulheres ocupando as 38 cadeiras do legislativo curitibano, o equivalente a 31% da composição da Casa.

Os números surpreendem. Mas deveria? Afinal são mais de dois séculos de luta por igualdade na organização política brasileira, e a presença feminina na política ainda não é naturalizada. Com um gráfico ascendente, ainda somamos apenas 18% de cadeiras femininas em todo o país, quase duas mulheres a cada vereador eleito. Se o parlamento representa o seu povo, ainda falta representatividade para um total de 51% de brasileiras.

No município de Arapoti, a única vereadora eleita – que quebrou o jejum de oito anos sem representatividade feminina na Casa de Leis, participou da Sessão Extraordinária usando gravata em protesto à obrigatoriedade estabelecida no Regimento Interno da Casa (que apenas faz menção à vereadores)

A busca pela paridade de gênero em lugares de liderança e poder faz parte de um debate longo, pois envolve questões culturais, de qualificações e oportunidades que são dificultadas às mulheres. Carregamos uma longa história de exclusões, privações, discriminações e opressões. Movimentos e discursos reflexivos e de protesto têm contribuído para que mais e mais mulheres se posicionem, fortalecendo o sentimento que une mulheres por uma rede de solidariedade, empatia, proteção e companheirismo.

Abro um parêntese aqui para lembra que a violência de gênero também é presente no âmbito político, e não deve ser tolerada. Por mais que já existam leis que protejam a mulher, contra a violência física, moral e psicológica nesses espaços de poder, essas medidas ainda não são suficientes. São inúmeros os ataques misóginos que ferem a democracia.

No município de Arapoti, a única vereadora eleita – que quebrou o jejum de oito anos sem representatividade feminina na Casa de Leis, participou da Sessão Extraordinária usando gravata em protesto à obrigatoriedade estabelecida no Regimento Interno da Casa (que apenas faz menção à vereadores).

Levantamentos apontam que as cidades comandadas por mulheres desenvolvem melhores suas políticas sociais, com a construção de mais creches, escolas e postos de saúde. Mesmo assim candidatas femininas ainda precisam passar por um crivo ainda mais exigente para serem eleitas, enquanto figuras ‘engraçadas ou inusitadas’ recebem milhares de votos. 

Enfrentamentos e gravatas podem fazer parte do caminho. Vamos trilhar juntas!

 

 

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