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Relembre a história da Estação Ferroviária de Japira

Local marcou o desenvolvimento e a emancipação do município, mas infelizmente não foi preservado, ficando somente na memória dos descendentes

Por: Fonte: Redação
25/08/2022 às 10h42 Atualizada em 25/08/2022 às 13h19
Relembre a história da Estação Ferroviária de Japira
A estação ferroviária de Japira em 1928, com duas locomotivas no pátio. Foto do livro Thomazina - Empresa Editora Olivero, Curitiba, 1928.

Lembrada por muitos japirenses que viveram na cidade entre a década de 1920 até o início dos anos 1970, a Estação Ferroviária de Japira é considerada um importante fator de desenvolvimento econômico e emancipação na história do município.

Em 1 abril de 1925 foi inaugurada a estimada Estação Ferroviária da Barra Bonita no município de Japira, no Norte Pioneiro.  

Japira era parte integrante do município de Tomazina, até que em 1923, o coronel Joaquim Pedro de Oliveira, dono de uma extensa área de terras entre os rios Laranjinha e Cinzas, soube que sua propriedade poderia ser cortada pelos trilhos de aço da estrada de ferro, que correria no sentido meridional. Sendo assim, o coronel doou determinada área de para a construção da Estação Ferroviária.

Não demorou muito para que ao redor da estação fossem construídas dezenas de casas, que aumentavam gradativamente com o passar dos anos. A Lei nº 93, de 19 de setembro de 1948, criou o Distrito Administrativo de Japira, jurisdicionado ao município de Tomazina. Em 14 de dezembro de 1951, pela Lei nº 790, foi criado oficialmente o município de Japira.

O início das atividades começou em 1925, como estação de 3ª classe, mas já estava concluída desde 1924, conforme o Relatório da RVPSC.

Ainda de acordo com o relatório, o local era descrito como “toda de madeira, obedecendo ao novo tipo de estação de 3ª classe, aprovado pela inspetoria. Assentada sobre alicerces de alvenaria de pedra e com plataforma na mesma alvenaria”.

A linha que operava pela estação era chamada de Ramal Barra Bonita e Rio do Peixe, partindo da estação de Wenceslau Braz, no ramal do Paranapanema, com a intenção de atingir as minas de carvão na região de Figueira e Cambuí, após Barra Bonita.

Segundo relatos do cidadão descente de moradores locais, Rene Alves Almeida, havia um misto, que é um trem de passageiros que leva também vagões de carga ou animais, que partia de Wenceslau Braz às 15h00, passava em Japira as 17h40 e retornava pela manhã às 08h40. Eram duas locomotivas, a 637 e a 643, que faziam o percurso com carro correio, primeira e segunda classe.

Trem misto chegando na estação de Japira, no final dos anos 1960.
Autor desconhecido. Acervo Wagner Monteiro de Assis.

 

Conforme Rene, na época de carga e carvão, haviam guarda-freios em cima de vagões e gôndolas. “Meus tios, Francisco Cascardo, mineiro de Itajubá, e sua esposa Catarina Damatto Cascardo foram fundadores da cidade e lá estão sepultados”, comenta.

A ferrovia deixou de funcionar em 1969, devido, principalmente, à pouca exploração das minas de carvão ao longo do tempo, que consequentemente suprimiu os trens de passageiros, que, por sua vez, sempre foram pequenos trens mistos.

Após o fim do trânsito, o prédio da prefeitura foi construído enquanto a antiga estação ainda estava de pé, bem próximo dela, sob onde era o girador de locomotivas. Pouco depois, a velha estação foi para o chão.

Hoje, 97 anos depois, nada restou da estação, não há nenhum sinal visível de que um dia houve uma ferrovia no município.

Inauguração do prédio da prefeitura de Japira, construído no local onde ficava o girador de locomotivas. À esquerda, a velha estação ainda de pé. Foto dos anos 1970. (Acervo Wagner Monteiro de Assis).

 

De acordo com secretaria de Cultura, Najara de Azevedo Machado, nos registros oficiais do município não há muita coisa guardada sobre o legado que a estação deixou. “É realmente uma pena o local não ter sido preservado. Creio que na época não houve ninguém para realizar essa intercessão. Apesar da lástima, o que temos são belas fotos da época que marcam nosso desenvolvimento para o que somos hoje”, conta.

Najara informa haver algumas fotografias do período que foram preservadas e estação disponíveis para a população no site da prefeitura, no segmento “galeria de fotos”. “Infelizmente conforme os anos muita coisa se perdeu, mas o que temos hoje está sendo cuidado e preservado com muito carinho”, finaliza. 

As informações contidas nesta matéria foram coletadas de fontes diversas, mas principalmente por entrevistas e relatórios de pessoas que viveram a época. Portanto, é possível que existam informações contraditórias. A ferrovia em seus 150 anos de existência no Brasil se alterava constantemente, o mesmo acontecendo com horários, composições e trajetos.

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