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Advogado que representa família de criança esquecida em ônibus de Tomazina é impedido de falar na câmara de vereadores

Advogado da família, especialista em casos especiais que envolvem autismo, acusa Câmara de negar seu pronunciamento a respeito do assunto

27/11/2023 às 19h41
Por: Marcelo Aguiar Fonte: Redação
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Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

O caso do menino de dois anos de idade que foi esquecido no interior de um ônibus escolar do município de Tomazina por mais de duas horas na última terça-feira (21) ganhou mais um capítulo nesta segunda-feira (27). O assunto que ganhou repercussão nacional na última semana, tem nova consequencia após o pedido de pronunciamento do advogado de defesa da família da criança ter sido negado pelo presidente da Câmara de Vereadores do município.

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Para o advogado Celso Antônio Santos, que representa a defesa da mãe e da criança no processo referente ao caso, há políticas públicas que devem ser discutidas sobre o assunto e de forma urgente. “Foi requerida a palavra junto ao presidente da Câmara que realizou a negativa sem fundamentar a motivação. Eu sou autista e defensor daqueles que são portadores do TEA – (Transtorno de Espectro Autista), sendo que o intuito era tratar de assuntos relacionados a políticas públicas que podem ser realizadas em prol do autista e daquele que é portador do espectro autista”, comentou o advogado.

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Celso ainda lamentou a situação. "infelizmente para que possamos lutar pelos direitos dos autista e de outros PcDs (pessoas com alguma forma de deficiência), aos quais me classifico, temos que lutar contra barreiras, e também contra algumas pessoas que não querem conceder tais direitos, mas a luta continua", disse.

De acordo com a mãe do menino, ela procurou a Câmara de vereadores na semana passada para realizar o pedido de poder falar sobre o assunto na tribuna. “Fiz o pedido já na sexta-feira. Acho que eles não esperavam que eu iria pedir, que eu não iria ter coragem. Encontrei o presidente da Câmara e disse que ele deferindo ou indeferindo o pedido eu iria falar, pois iria ao Fórum pedir um mandado judicial, aí ele autorizou”, aponta Anamélia Soares, mãe de Miguel.

Anamélia também falou a reportagem sobre como Miguel está após o incidente. “Ele não está dormindo direito desde que tudo aconteceu e tem acordado durante a noite chorando. Era um menino calmo e muito bonzinho, mas agora está mais bravo e chorão. Eu já estava fazendo o desfralde dele, mas agora ele não deixa mais tirar a fralda. O Miguel tem traços de que seja portador de autismo e está sendo acompanhado pela neuro, por isso que ele já frequenta a Apae” disse a mãe.

A Folha também conversou com o vereador e presidente da Câmara do município, Edvaldo Vitor Ribeiro, que apresentou sua versão dos fatos. “É importante ressaltar que o regimento interno da Câmara prevê que o requerimento para uso da palavra deve ser feito até uma quinta-feira antes da sessão. O pedido do advogado foi realizado nesta segunda-feira, dia da sessão. O espaço foi aberto a mãe do menino que é parte interessada. Ela fez o pedido na semana passada e foi deferido”, comentou.

O pronunciamento de Anamélia aconteceu na noite desta segunda-feira (27), após o fechamento desta edição e os detalhes poderão ser acompanhados na edição desta quarta-feira (29).

 

Relembre o Caso

A situação envolvendo o menino Miguel aconteceu na tarde da última terça-feira quando o menor embarcou em um ônibus escolar com destino a Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais). Após cumprir o itinerário o motorista levou o ônibus para o pátio. Algumas horas depois professores teriam notado que o material da criança estava na escola, mas Miguel não.

O caso foi comunicado a secretaria municipal de Educação onde houve uma mobilização para encontrar o menino que acabou sendo localizado no interior do ônibus. Estava muito calor e meu filho ficou horas dentro do ônibus. Uma pessoa que pediu para não ser identificada me contou que quando o Miguel foi encontrado ele estava pingando suor. Ele também está com uma escoriação no braço, mas nem o pessoal da secretaria nem da Apae procuraram levar meu filho ao médico para ver como ele estava, me disseram que deram água e bolo e ele ficou bem”, disse Anamélia.

Em contato com a secretaria municipal de Educação de Tomazina, a reportagem foi informada que o caso está sendo investigado para levantar a responsabilidade dos envolvidos e que a prefeitura está promovendo todo o auxílio necessário a criança e aos familiares.

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